domingo, 2 de dezembro de 2012

Advento - Tempo de Preparação e Espera

Todos os acontecimentos de nossa vida são preparados por um período de espera. Todos nós esperamos pelo feriado, os noivos pelo dia do casamento, os adolescentes pelo dia em que poderão tirar a carteira de motorista, os avós pela visita de seus filhos e netos e assim vai... também a nossa fé é ritmada por uma contínua espera: a do crescimento espiritual, o da conversão, aquela da vinda do Senhor.
A Igreja, por meio do Ano Litúrgico, oferece a seus filhos um caminho de crescimento e um conhecimento sempre mais vivo do mistério da salvação operado por Cristo Jesus. Mas pode surgir um questionamento: isto é muito repetitivo, são propostos a nós sempre os mesmos acontecimentos. É verdade, mas o Ano Litúrgico, celebrando o itinerário da vida de Cristo, oferece a todos os seus filhos e filhas e à humanidade, um esquema e um estímulo a percorrer um verdadeiro caminho de fé, que nunca deve terminar.
O primeiro período do Ano Litúrgico é o Advento, tem a duração de quatro semanas (quatro domingos), começando no domingo depois da Solenidade de Cristo Rei do Universo e terminando nas vésperas do dia 24 de dezembro (Primeiras vésperas do Santo Natal). Este tempo litúrgico tem como objetivo a celebração do grande mistério da vinda do Senhor; que abrange seu primeiro Advento, quando assumiu nossa natureza humana e nasceu em Belém (esta vinda respondeu à expectativa do antigo povo), até a vinda do Rei da Glória que levará à plenitude a espera da Igreja. Entre uma e outra vinda situa-se o contínuo advento do Senhor no mistério dos Sacramentos e da vida cristã.
Celebrando o advento, uma coisa de despertar nossa atenção e nos desafiar: Jesus é a pessoa esperada ao longo de todo o Antigo Testamento. É objeto de todos os sonhos e desejos e das promessas feitas ao povo de Israel. Vem na plenitude dos tempos. Vem misticamente na Igreja e nas almas. Virá com poder e glória no fim dos tempos. E também a cada um de nós.
Durante este tempo, na liturgia, será proposto a nós vários modelos: Maria, os Profetas, João Batista. Eles devem nos ajudar a nos preparamos para acolher de modo eficiente o Senhor Jesus que vem a nós, para que “tenhamos a vida e vida em plenitude”.
Maria, com certeza, possui um papel de suma importância, um lugar bastante privilegiado durante o advento. Sua missão não terminou em Belém, com o nascimento de Cristo. Ela está sempre presente onde Cristo ainda não nasceu ou ainda não foi assumido com seriedade.
Assim também os profetas e, sobretudo João Batista, gritam no deserto do mundo, de nossas vidas, de nossas casas: “Preparai os Caminhos do Senhor!” Eles caminham ainda hoje diante de Cristo para preparar-lhe o caminho; caminham na Igreja, em nossas famílias e também em nossos corações, por meio da palavra profética que nos desafia à conversão e ao acolhimento do Senhor Jesus.
A pergunta fundamental é esta: Como viver este tempo de graça, ao qual damos o nome de Advento? As exigências do Advento podem ser resumidas em uma única exigência: caminhar ao encontro do Senhor que vem.
Não se pode caminhar ao encontro de alguém se não se sente a necessidade desta pessoa ou o desejo profundo de encontrá-la. Portanto, para entrar neste espírito é necessário abandonar a confiança profundamente humana que colocamos em “nossos meios” para buscar de Deus os bens do Reino dos Céus. Abandonar todas as nossas seguranças, ser verdadeiramente pobres (despojar-se totalmente de si mesmo e de todos os apegos), para lançar-se ao encontro do Senhor que vem transformar-nos em filhos e filhas de Deus.
A primeira capacidade que se deve despertar é a fé, que consiste em deixar-se atrair pelo Senhor e responder com um relacionamento pessoal e íntimo. A prática necessária pra se despertar esta fé no interior do coração é a escuta atenta da Palavra de Deus: “Oxalá ouvísseis hoje a sua voz” (Sl 94,8); uma oração pessoal e profunda; uma vida sacramental no interior da Igreja de Cristo e, finalmente, o amor verdadeiro aos irmãos.
Há um grande inimigo que nos persegue neste tempo propício de espera do Senhor: o Capitalismo; ele consegue, com todas as suas garras e tentáculos, ofuscar a figura do Senhor Jesus e tirar nossas atenções deste tempo antecipando a festa do Natal com compras e muita gastança. O Advento perdura até o dia 24 de dezembro à tarde (com as vésperas), é tempo de preparação, espera. Natal começa com as vésperas, não se pode deixar ofuscar esta realidade, se quisermos celebrarmos autenticamente estes santos mistérios. Nós celebramos o Natal (o nascimento, o aniversário) de Cristo, não de qualquer outra realidade comercial ou humanitária. Todo e qualquer humanismo deve ter em Cristo sua fonte, Cristo não é o apêndice em seu Natal. Nós cristãos, precisamos tomar uma séria posição diante desta realidade porque “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará o outro, ou dedicar-se-á a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6,24).
Finalmente, Advento é o conteúdo de própria missão da Igreja; preparar os corações para ir ao encontro do Senhor e apresentar o Senhor a todos os corações humanos. E exatamente por isto, como membros da Igreja, precisamos ser sal e luz para todos os homens para que eles também caminhem ao encontro do Senhor que vem e participem de seu Reino.
É com nossa maneira de ser e viver este tempo propício que ajudaremos nossos vizinhos a viver melhor este período, a prepara-se para acolher o Senhor e celebrar dignamente o Santo Natal.